Marketing Motivacional.

06/01/2013 01:37

 

Não é a primeira vez que chego em uma empresa, cujo propriétario diz que fez um alto investimento em marca, mudou toda a linguagem da loja, fez novas embalagens, fez altos investimentos promocionais, mas não atingiu o objetivo esperado.

Pode ter certeza, aí tem um segredo! Outro dia,  passei por um fato curioso. Levei meu carro para uma das oficinas mais tradicionais da cidade. Creio que seja a oficina que mais investe em comunicação. É respeitada e , ao longo dos seus 30 anos, ganhou a confiança da sociedade em geral. Levei o carro e pedi uma descarbonização, uma troca de filtro e uma troca de óleo. Aí, veio minha inocência. Afirmei para o atendente que eu não poderia ficar na oficina. Pedi o orçamento, que correspondia ao valor de R$ 350,00 pelo serviço completo, e marquei a hora de pegar o carro pronto. 17h, foi a hora que acordamos. Fui para o trabalho.

Na hora marcada voltei. Fui completamente surpreendido! O mecânico desmontou o motor do carro, alegando mil e um acertos e concertos, e  o orçamento saltou de R$ 350,00 para R$ 3.200,00.

A primeira coisa que eu perguntei: - Senhor mecânico, o senhor já viu o comercial dessa oficina na televisão, que afirma ser uma “oficina de confiança e por um preço bem enconta”? Se é de confiança nunca, nunca o senhor poderia fazer qualquer serviço fora do acordado e sem minha prévia autorização.

Eu paguei caro por acreditar em uma empresa onde o RH caminha longe do marketing.

Hoje, os recursos humanos de qualquer instituição precisam começar a perceber o poder estratégico que têm, e pensar nos funcionários está além de análises de currículos, sobrepõe a composição de folhas de pagamentos, definição de férias e distribuição de benefícios trabalhistas, como os vales de alimentação e transporte.

O recursos humanos é um departamento de definição estratégica da empresa, pelo simples fato de que tudo o que se planeja estrategicamente são as pessoas que executam, seja os operários do chão de fábrica seja a linha de frente da empresa seja as equipes operacionais. Sem pessoas nada existe, e com pessoas desmotivadas e sem as informações necessárias, a empresa perde dinheiro e competência mercadológica.

Concordo com Rodd Wagner e James K. Harte (Livro: 12 Elementos da Gestão de Excelência), que dizem que o desempenho de uma empresa começa pelo ato mais básico: “ir trabalhar”. Hoje, o espírito protudivo e a vontade de estar na empresa está diretamente relacionada com impacto nos resultados estratégicos planejados.

Se as empresas pensarem bem nos valores que dedicam em demissões, o tempo de adaptação de cada funcionário, tempo de envolvimento, reconhecimento do comprometimento, analisariam melhor seus processos de contratação e iriam além do currículo para a escolha da formação da sua equipe.

Eu gosto muito de enfatizar nas empresas onde ando que, além dos investimentos promocionais, de propaganda e das ações de marketing que vamos desempenhar, qual será o valor destinado para  investimentos motivacionais que serão destinados  à equipe envolvida no processo.

David Rock, Jeffrey Schwartz e Miguel Nicolelis, em uma reportagem para HSM Management, citada na edição n° 93, do bimestre julho/agosto de 12, afirmam que: “A falta de reconhecimento no trabalho dói tanto quanto uma pancada na cabeça: o cérebro sente a exclusão e emite um impulso neural intenso que termina por prejudicá-lo. Esse entendimento científico, traduzido por estudos diversos do cérebro, está dando às empresas uma segunda chance: elas podem finalmente humanizar-se.”

É estratégico um ambiente produtivo onde a saúde mental seja traduzida de forma direta e determinante na vida das pessoas que trabalham  e produzem nas empresas.

Esse é um grande segredo de empresas como a Cacau Show por exemplo. Quando se pergunta a Alexandre Tadeu da Costa qual um dos maiores segredos do sucesso da Cacau Show, ele afirma: Trate gente como gente (fonte: livro Uma trufa e mil lojas depois). Em seu livro, fala de todo trabalho que ele mesmo, o próprio, desenvolve para envolver a pessoa no processo da empresa. Sua aproximação, o ato de reconhecer as pessoas da equipe. Alexandre diz que ele mesmo tira uma hora do seu tempo semanal para se reunir com as pessoas de departamentos semanalmente escolhidos.

Sem falar, no envolvimento de toda a equipe nos resultados diretos da Cacau Show. Exemplo disso é  o ritual, como ele mesmo fala, do despacho da última caixa de uma safra, exemplo: quando a última caixa dos ovos de páscoa sai da fábrica para o último franqueado, Alexandre reuni toda a equipe diante do caminhão e faz uma fila gigante onde a caixa sai da produção e vai de mão em mão até sua acomodação dentro do caminhão de entrega. Isso é sinergia, envolvimento direto, sensação de trabalho realizado. Todos acertaram. É simplesmente algo emocionante!

Esse é o espírito de uma empresa que sabe que existe para a satisfação de todos, dos acionistas até a sociedade em geral.

Com isso, a empresa passa a ganhar a cada dia um caráter bem definido de time. Onde as diferenças pessoais internas passam por uma melhor administração das emoções, e coloca todo a equipe focada nos maiores desafios que a empresa tem.

Investir em motivação é investir no minimizar perdas. Um funcionário desmotivado de uma empresa de aço, por exemplo, por descuido, já que a desmotivação causa descuido, falta de atenção e falta de comprometimento, pode matar ou morrer.

Pense nisso! Investir em marca, fazer grandes investimentos em propaganda e não dedicar valores para o investimento motivacional da equipe é um tiro no escuro. Uma equipe motivada retém todas as oportunidades que o mercado oferece e busca, a cada momento, atingir todas as metas e objetivos necessários para o melhor desempenho da empresa no mercado.

Vamos refletir!

 

Fábio Mesquita Torres

Publicitário da Grão Novo

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